7 de setembro de 2011

Ventania.


Esta tarde de um final de inverno infeliz não me traz boas recordações. E sim, algumas das quais meu coração adoraria esquecer. O sol brilha lá fora embora a ventania esteja arrastando o dia inteiro e o tornando gelado na medida certa. Eu às vezes me pergunto se valeria a pena continuar com a janela fechada só porque o vento pode espalhar todas as folhas que estão sobre a minha escrivaninha branca de madeira. Lembra da última vez que deixei você entrar? Bem, eu não queria deixar, meu coração não queria, ninguém queria, ninguém esperava. Não sei em que parte de mim vi uma vontade tão errônea de abrir a porta do meu coração para que você entrasse. Aí você deve começar a lembrar da bagunça que você me causou. Eu gostei daquilo. Mesmo. Talvez eu seja louca em dizer isso, mas foi uma sensação única e surpreendente. Acho que não faria tudo aquilo de novo, aliás, seria uma tamaha loucura da minha parte permitir que um raio caia no mesmo lugar pela segunda, terceira, quarta ou até mesmo quinta vez.

Eu não me lembro de quase nada desde aquele dia. Só lembro que não foi a melhor coisa que eu poderia ter feito. Mas, alguma coisa, e seja ela qual for, me fez deixar que você me bagunçasse completamente. Você foi como a ventania que rodeia minha casa agora, e eu por algum descuido deixei que você entrasse. Não há coisa mais refrescante neste mundo do que uma brisa gélida no rosto que te faça parar. Você me parou. E embora a analogia que eu esteja criando neste momento ao teu respeito seja ridícula, ela me parece real.

"Respira. Levanta. Vá até a janela. Abra. Deixe o som do vento te tocar."... Coração estúpido, vê se toma jeito e não opina.

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