9 de julho de 2010

Leonina reencontrou o amor


Leonina acordara furiosa numa madrugada de terça-feira. O telefone havera tocado altamente. Leonina, se levantou, e atendeu o telefone amarelo que estara no criado-mudo, ao lado de sua cama. "Alô" - disse Leonina. Ninguém respondera. Leonina disse outra vez: "Alô". Mas ninguém dizera nada. Ela desligou o telefone, e voltou para o aconchego de sua cama importada, voltou a descançar sua cabeça nos diversos travesseiros de penas de ganso que cobria uma parte de sua cama. Leonina tinha que acordar cedo, na manhã seguinte. O telefone tocou mais uma vez, e Leonina antendeu, sem se levantar desta vez. "Alô" - disse ela. Mas ninguém respondera. Então, ela já enfurecida, desligou o aparelho. Desta vez. não tocara novamente. Na manhã seguinte, Leonina, acordara apressada pra seu trabalho, num famoso jornal de Nova Iorque. Seu apartamento, sempre luxuoso, deslumbrante, e fino, sempre se encontrara vazio. Leonina não trancou a porta de seu apartamento. Ela morara num bairro muito nobre da cidade de Nova Iorque, não havera com o que se preocupar. Leonina abriu seu closet gigantesco, e pegou um lindo vestido feito por um famoso estilista. Havera uma porta dentro do closet, onde ficara seus sapatos, um mini closet. Escolheu um sapato lindíssimo, e voltou ao closet, e pegou um sobre-tudo marrom aveludado. Na portaria do prédio, pegou o jornal que o porteiro sempre lhe entregara todas as manhãs. Na sua garagem, seu carro, importado também, a aguardara. Leonina tinha tudo que precisara: um apartamento na cidade mais cobiçada do mundo, um carro deslumbrante, um emprego maravilhoso, e muito dinheiro. Leonina não sabera mais o que significara a palavra amor, e isso não a interessava mais, desde que seu marido a deixou, e levou seus três filhos: Lauren, Peter, e Harry. Lauren tinha oito anos, a caçula. Peter, o filho mais velho, com doze anos. E Harry, o filho do meio, dez.

Leonina como sempre, passara na cafeteria em frente ao escritório, onde trabalhara. Ela tomara suas torradas com geléia, com um café, enquanto lia o jornal, que, certamente, era o que ela trabalhara. Um homem, muito bonito, acabara de entrar na cafeteria. Leonina não havera reparado o rapaz, seus olhos estavam focados nas frases do jornal. "Olá" - disse o lindo rapaz. "Olá" - disse Leonina, sem ao menos desviar o olhar, para ver quem a cumprimentara. "Posso me sentar com você?" - disse o rapaz, educadamente. "Claro, sente-se. Eu já vou sair". - respondeu Leonina a pergunta do jovem moço. "Não, por favor, fique. Eu preciso falar com a senhora" - implorou o rapaz. Leonina enfim, olhou para o rapaz, e vendo seu rosto, não o reconheceu, então disse: "Me perdoe, mas nunca o vi na minha vida." O rapaz, sorriu, e disse: " Certamente não. Mas eu preciso lhe disser uma coisa." Leonina fixou-se nos olhos do rapaz. "Bem, ontem, pela madrugada, te ligaram, não foi?" - disse o rapaz. Leonina intrigada, respondeu um sonoro "sim". "Duas vezes." - confirmou o rapaz. Leonina arregalou os olhos, e disse: "Olhe, me desculpe, mas quem é você? Como você sabe disso?" - perguntou amedrontada Leonina. "Pode ficar tranquila senhora. Não sou nenhum maníaco, só quero o teu bem" - tranquilizou o rapaz. "Bem, senhora, eu sei quem era." - continuou o rapaz. "Sabe?" - disse ansiosa Leonina. "Sim". "Pois então, por favor, me diga. Eu preciso denunciar o engraçadinho" - disse vingativamente Leonina. "Acalme-se senhora, por favor. Jamais iriam prender essa pessoa" - completou o sábio rapaz. " Como assim?" - perguntou Leonina. "Na verdade, não é uma pessoa. É uma coisa. Um sentimento" - explicou ele. "Não entendo" - analisou Leonina. "Bem, senhora, certamente não irá entender, mas, eu tenho que lhe dizer. O amor te ligou ontem, pela madrugada" - disse o rapaz seriamente. "Você realmente espera que eu acredite nisso?" - se enfureceu Leonina. O rapaz tomou fôlego e disse: "Me diga, o que te faz viver? O que a faz feliz? Qual o seu motivo para ser feliz e viver? Senhora, me desculpe ser tão intrometido, mas... mas devo ser sincero quanto a isso: sua vida se tornou um ponto branco e vazio. Sua vida não está sendo vivida como merece ser. Seu marido e seus filhos estão morando do outro lado do país agora porque a senhora não deu o valor que eles mereciam. Sua vida se resume ao levantar, sair de casa, tomar café do outro lado do trabalho, e logo depois ir para o escritório. Lamento informar, mas... seu amor acabou. O sentimento mais bonito que uma pessoa pode ter, acabou. Ou pelo menos teve uma ‘pausa’. O seu trabalho é a única coisa que ama? Mas ele não é uma pessoa, é uma empresa. O amor pode estar nas coisas mais simples, senhora. A senhora não é tão velha quanto pensa. Porque não se permite umas férias e visite seus filhos? O seu amor de mãe acabou quando eles se mudaram? E, porque, não tentar se reconciliar com o seu marido, Leonina? Ele ainda a ama, e as únicas coisas que ele desejava, eram sua atenção, e o seu amor para com ele. Porque não telefona para eles? Porque não quer saber mais deles? Pare de sentir medo. De sentir a mesma dor que sentiu quando eles partiram, e ligue. E se não sair tudo como queria, pelo menos a senhora tentou. Por favor, um telefonema, um 'eu amo você, querido' já basta. Mas por favor, por favor, corra atrás, e redescubra o amor que está batendo a tua porta outra vez." Leonina, assustada como rapaz, abriu a bolsa e pegou o celular e disse: " Escute, quem é... você." O rapaz desaparecera. Leonina perguntou para o conhecido Steven - o homem que sempre estara atrás do balcão da cafeteria - para onde o rapaz que conversara com ela tinha ido. " Ah Leonina, está maluca? Não tinha nenhum homem sentado aí com a senhora." - disse, sorrindo Steven. Leonina olhou na direção onde o rapaz havia sentado, e viu um pequeno bilhete. Leonina o pegou, e leu. E nele estara escrito:

"Espero que seja feliz, Leonina. Espero que o amor que sempre houve aí dentro, renasça.

Siga em frente e telefone para o outro lado do país, e diga para eles que os ama.

Boa sorte,

Anjo do Amor."


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