16 de setembro de 2011

A casa de vidro - Parte I.

Entre paredes brancas, portas e janelas, sorrisos e abraços, começos e fins, conhecimento e despedida. E assim foi feito meu coração.

Toc toc. Alguém está batendo na porta. Movimento-me até a janela e dou uma espiada para fora. Era você. Hesito em ignorá-lo ou abri a porta. Por menos de cinco segundos, pensei em todos os prós e contras de ignorá-lo e todos os prós e contras de abrir a porta. Abrir a porta. Deixar você bagunçar (outra vez) toda a mobília que demorei tanto tempo para reorganizar depois que você se foi. Ignorar. Talvez não fosse a melhor coisa, aliás, você nunca voltou, talvez você jamais voltaria se eu fingisse que não ouvi você bater na madeira da porta de dois metros naquele dia.
Meu meu cérebro pedia, eu deveria ignorar. "Não, sua idiota, não abre! Ele te magoou, ele te deixou! E mesmo que esteja arrependido, não vale a pena se machucar!" Meu coração implorava, eu deveria abrir a porta. "Ele te ainda te ama, e você sabe muito bem disso. Ele te magoou e se magoou também. Mesmo que tenha doído antes, vocês tem o direito de recomeçar!"
Eu sabia que se eu abrisse, iria me magoar. Iria sentir saudade. Iria querer beijá-lo. Eu iria me humilhar. E não, eu nunca desejaria me humilhar diante dele. Além do mais, ele mexeria comigo com aquela coisa que ele consegue transmitir pelo olhar dele, e eu não estava nada disposta de sentir aquelas emoções idiotas outra vez. Ao mesmo tempo, se eu o ignorasse, me arrependiria. Eu me julgaria. Eu me martirizaria. Eu me odiaria. E não, eu não queria deixar a oportunidade de tê-lo novamente em meu braços passar como o vento. Além do mais, ele mexeria comigo com aquela coisa que ele consegue transmitir pelo olhar, e agora SIM, eu estava disposta a sentir aquelas emoções idiotas outra vez.

Abri a porta.

Ele estava de cabeça baixa quando abri. Ele levantou e me encarou. Seu olhar. De novo. Novamente. Outra vez. Isso me atormentava. Ele não precisava fazer as mesmas coisas, mesmo que eu seja completamente, irreversivelmente, incontrolavelmente apaixonada, não, não precisava fazer isso. 

- Oi. - Ele disse num tom tímido e doce, com leves agudos de arrependimento. Respondi imitando ele, falando a mesma palavra, esperando ele continuar seu discurso. Isso demorou pouco mais de dez segundos. - Bem, eu não sei o que dizer... Apenas queria conversar com você. - Eu o olhei com uma expressão dura, tentando mostrar que eu estava forte (coitada...) e temi que ele mudasse de ideia e fugisse.

- Sobre o quê? - Perguntei ironicamente.

- Sobre nós. - Ele enfatizou o nós. 

- Claro. Entre. - Deixei passagem para que ele entrasse na casa. "Não, sua louca, ele vai bagunçar tudo de novo!" Disse meu cerébro. Ignorei. - Vou preparar um chá. Sente e fique a vontade.

Continua...

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